Cinco curiosidades sobre o sutiã
A moda, além de ser um conjunto de opiniões e tendências de estilo, não deixa de ser um reflexo da sociedade. A lingerie é um dos segmentos que se encaixa nesse padrão, especialmente quando se pensa no sutiã. Para muito além de uma peça que pode levantar os seios, oferecer sustentação e aumentar a autoestima, a roupa também tem envolvimentos históricos, sociais e políticos. Desde o uso de panos para cobrir o busto até a criação do sutiã com bojo, os detalhes e curiosidades sobre a peça e seus usos podem oferecer informações sobre o momento da história, assim como a posição e a importância da mulher na época em questão. É interessante saber, sugar baby!
O primeiro “sutiã” tem milhares de anos
Quando se fala na peça íntima, a imagem que pode vir à mente é de um sutiã de renda, com alguma cor básica. O primeiro protótipo de sutiã, entretanto, é bem diferente do modelo atual. Pinturas gregas, do primeiro milênio, mostram mulheres com panos ao redor dos seios. Apesar de não ter sido uma peça de roupa constante – há épocas de grande uso e momentos em que não aparece tanto -, acredita-se que o tecido era usado para achatar o busto, facilitando movimentos ao longo do dia. Pinturas históricas mais antigas indicam ainda que mulheres escravizadas permaneciam com os seios expostos, mesmo quando o objeto era usado por outras, indicando diferenciação por status.
Foi originado do espartilho
Por centenas de anos, muitas mulheres se viram obrigadas a utilizar corpetes, cintas e espartilhos para moldar a cintura, levantar o busto e achatar o abdômen. A peça era vista como sinal de status, além de manter o corpo feminino dentro do que era entendido como padrão. Entretanto, no início do século XX, com a chegada da Primeira Guerra Mundial, as mulheres brancas começaram a tomar papéis sociais antes inéditos a elas. A partir de 1914, muitas tiveram que trabalhar enquanto os homens estavam na guerra. Dessa forma, o espartilho, além de incômodo, tornou-se pouco prático, o que levou à invenção de uma nova lingerie. Não demorou muito para que a americana Mary Polly patenteasse a invenção de uma peça que cobria os seios, com duas fitas amarradas nos ombros, que seria o primórdio do sutiã.
Coco Chanel influenciou no uso
Ainda com grande influência do espartilho, os sutiãs no início da década de 1920 tinham propósito de levantar os seios, deixando-os maiores e mais avantajados. Como consequência, as peças mais usadas eram apertadas. Na época, a criadora de moda Coco Chanel foi uma das primeiras a revolucionar o uso. A estilista incentivou a produção de sutiãs que achatavam os seios, deixando o corpo mais próximo do masculino. A francesa também é conhecida por popularizar o uso de calças pelas mulheres, além de pensar em roupas e acessórios mais práticos, que permitissem que a pessoa se mexesse livremente.
Criação dos modelos com bojo
Não demorou muito para que a preferência por bustos avantajados voltasse a aparecer na moda. Por volta de 1930 e 1940, começaram a ser produzidas peças com bojos e enchimentos, para intensificar a sustentação do sutiã e aproximar os seios, dando a impressão de serem maiores. Na mesma época, tornava-se popular o estilo pin-up nos Estados Unidos, que incentivava modelos com curvas, em poses sensuais. Muitas das peças íntimas voltaram a se inspirar fortemente no espartilho e em roupas que acentuassem os seios. Dessa forma, o modelo de bojo encaixava-se nesse propósito.
A queima dos sutiãs
A queima dos sutiãs na lata de lixo é um grande marco para o movimento feminista da década de 1960. Entretanto, o dia em questão, conhecido como parte do “Women’s Liberation Movement”, em setembro de 1968, foi muito além da destruição da peça. O propósito era colocar fogo em diversos objetos que representassem a opressão feminina. Revistas de moda, maquiagens e cosméticos também foram para a lixeira. O protesto ocorreu durante um concurso de Miss América, que visava eleger a mulher mais bela do país. Após esse grande movimento, empresas de lingerie perceberam a importância de priorizar o conforto nas peças íntimas. A partir daí, sutiãs mais largos e práticos foram ainda mais comercializados pela indústria.